A chegada ao Abismo Anhumas é acompanhada por um olhar saudosista e cuidadoso de quem já viu aquele lugar muito antes de todos os visitantes. Seu Aires Jacques, carpinteiro, é um senhor simpático, mas quieto, que observa toda a plataforma flutuante que dá acesso ao abismo, como se olhasse um filho envelhecer sob seus olhos.

Senhor Aires nem lembra ao certo em que ano foi a construção da primeira plataforma. No início, eram apenas cordas de rapel cuja sustentação era feita nas árvores. E ele confessa que se soubesse que o serviço seria na nossa caverna, pensaria “duas vezes”, porque tem medo de altura.

“Depois que eu desci lá embaixo deu medo, olhar para cima e ver as pedras penduradas, mas vai passando. Acabou o medo!”, comenta.

Esse texto é uma viagem com um destino já muito conhecido desse blog: o Abismo Anhumas. Mas nunca pelo olhar de quem desenvolveu plataforma flutuante do nosso atrativo.

Quer saber onde tudo começou? Então, venha com a gente!

“No começo era tudo pedra e mato…”

Seu Aires fazendo reparos na estrutura do Abismo Anhumas

A primeira versão da plataforma flutuante foi construída cerca de 20 anos atrás pelo Seu Aires, seu filho, genro e mais dois ajudantes, que trabalhavam com ele em uma oficina de carpintaria, localizada ali perto, em uma fazenda onde ele reside com a família. Nascido em Bonito-MS, seu Aires é um grande conhecedor do bioma pantaneiro, e possui boas relações com os bonitenses. Por isso, o convidamos para essa empreitada.

E de lá para cá, foram muitas as melhorias da estrutura! Sempre consideramos o ambiente natural da caverna – que inclusive varia de nível de água ao longo dos meses e anos – , o mínimo de impacto e as necessidades de segurança para a visitação turística.

E tudo só foi possível graças a um pé de figueira

Na oficina do Senhor Aires foram feitas todas as peças da plataforma flutuante, uma a uma, manualmente. Elas também possuíam marcações, porque era importante saber em que ordem elas deveriam ser descidas para a montagem correta, a 72 metros de profundidade do nível do solo.

Na época, esse manuseio e o transporte do material era feito por cordas amarradas em um pé de figueira que ficava ali perto do Abismo. O espaço para passar as peças era estreito (o mesmo de hoje), o que dificultava ainda mais a operação de montagem.

“Cheguei aqui, era esse buraco (risos). As cordas eram amarradas em um pé de pau, num pé de figueira. Descemos o deque e, aí, descemos eu e meu filho. Descemos com as peças e fomos montando e empurrando para a água. Tinha só um espacinho pequeno que apoiava, em cima duma pedra. Montamos o deque lá e resolvi fazer a plataforma”, completa.

E então, você imaginou que a construção da plataforma flutuante tinha sido assim?

Agora que conhece um pouco mais a fundo o Abismo Anhumas, a maior aventura do Brasil, que tal preparar as malas para desbravar esse lugar incrível com a gente?